terça-feira, 14 de setembro de 2010

OUTRA MANEIRA DE FUNCIONAR OS MERCADOS DE CAPITAIS...

Nos finais do século XIX, chega à uma cidade provinciana do Canadá, um grande aristocrata e seu ajudante, que de imediato reúne toda a pequena população na praça principal e anuncia que compraria búfalos por 100 cada animal.

De facto, a região era muito fértil neste tipo de animais, e não faltavam hábeis caçadores cuja perícia predatória era mesmo passada de geração para geração, e no fim do primeiro dia, foram cerca de 80 animais selvagens capturados…

O frenesim era grande, e aumentou mais, quando no segundo dia o misterioso comprador anunciou que aumentaria o valor de compra para 150, por cada animal capturado. Mais caçadores juntaram-se a massa amorfa já existente, e no fim do dia já havia mais 140 animais capturados.

Ao terceiro dia, o valor pago por cada animal já subia para 200…e mais “players” entram na caçada…algumas pessoas que nunca haviam caçado, de imediato começaram a fazê-lo, carabinas e munições eram vendidas em quantidades industriais, mais caçadores de cidades vizinhas engrossavam as fileiras, o comércio prosperava, todos estavam satisfeitos…

O aumento exponencial de caçadores era inversamente proporcional ao número de animais, cada vez escasseavam mais, mas o valor pago aumentava sempre, e depois de alguns dias, o valor já cifrava-se em 500, mas o número de animais trazidos, não passava de uma dezena a cada dia…

Um dia, após o anúncio diário do aumento de preço pago pelos búfalos na praça principal, 700 por cada animal, o dito comprador anuncia também que irá sair em negócios durante dois dias, mas que o seu fiel ajudante estaria à frente das negociações até ele voltar. Passadas algumas horas da partida do aristocrata em questão, o seu fiel ajudante reúne ele próprio na praça a urbe descontente e ansiosa por caçar, e diz que tem uma ideia para ajudá-los a continuar com o comércio de búfalos…

Lembrou-se, que uma vez que sabia onde estavam guardados os búfalos que o seu patrão tinha comprado, poderia vendê-los à eles, sem o seu patrão saber, por 600 por cada animal, e quando o seu patrão voltasse, já haveria búfalos para vender novamente ao seu patrão por 700, e conseguiriam de imediato obter um lucro na venda, e desta vez sem grande dispêndio de energia. Todos concordaram, achando que realmente era uma excelente ideia, e compraram todos os búfalos que estavam guardados por 600 cada animal, houve búfalos para todos.

Esperam-se notícias do Aristocrata e do seu fiel ajudante até hoje…

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

POR QUE? POR QUE?

O HOMEM EVOLUIU, A SOCIEDADE TRANSFORMOU-SE, ESTAMOS NO AUGE DA ERA TECNOLÓGICA, PRODUZIMOS MAIS, HÁ MAIS ALIMENTO NO MUNDO, MAS MAQUINARIA PARA PODERMOS FAZER MAIS E MELHOR, NO ENTANTO…

POR QUE SOMOS MAIS INFELIZES AGORA, MAIS DO QUE OUTRORA? POR QUE HÁ MAIS DOENÇAS DO CÉREBRO, E A ASCENSÃO E IMPÉRIO DO “STRESS” NA NOSSA SOCIEDADE? POR QUE CADA VEZ TEMOS MAIS, COM MAIS QUALIDADE, E AINDA ASSIM HÁ MAIS INFELICIDADE, SOLIDÃO E FALTA DE RUMO?

POR QUE SERÁ QUE A BUSCA DO DINHEIRO E DOS BENS MATERIAIS NÃO SACIA????

ONDE FOI QUE NOS PERDEMOS? PARECE QUE NA ÉPOCA DOS NOSSOS AVÓS, HAVIA MENOS, DE FACTO, MAS HAVIA MAIS… MAIS CARINHO, MAIS AMIZADE, MAIS AMOR ENTRE AS PESSOAS, MAIS FAMÍLIA, MAIS UNIÃO, MAIS CAMINHOS…

POR QUE? POR QUE?

QUANDO FOI, QUE AOS PROFESSORES, RECAIU A INCUMBÊNCIA DE SUBSTITUIR OS PAIS NA HERCÚLEA TAREFA DE EDUCAR AS CRIANÇAS? ONDE FOI QUE A LEI SUBSTITUIU A MORAL? EM QUE MOMENTO A HUMANIDADE DEFINHOU?

POR QUE AS RELAÇÕES PESSOAIS HOJE, SÃO TÃO IMPOSSÍVEIS? POR QUE HÁ TANTO CANSAÇO ENTRE TODOS? COM OS CÔNJUGES, COM OS PAIS, COM OS FILHOS, COM OS DESCONHECIDOS, COM O PRÓXIMO? ONDE ESTARÁ O SORRISO, COMO MOEDA DE TROCA, A PACIÊNCIA MÚTUA, A PAZ COMO META DE VIDA?

AINDA DEVERÁ HAVER UMA SAÍDA… UM RETORNO NECESSÁRIO, ONDE A PROCURA DO MATERIAL E DAS SENSAÇÕES IMEDIATAS, SEJAM NÃO UM FIM, MAS APENAS UM MEIO, UM MEIO DE BUSCA DO ESSENCIAL, DO QUE É IMANENTE AO PRÓPRIO HOMEM: O AMOR...

AMOR EM TODO O LADO, EM TODAS AS RELAÇÕES, COM OS FAMILIARES, NO TRABALHO, CADA QUAL COLABORANDO DENTRO DAS SUAS CAPACIDADES E FUNÇÕES, DISTRIBUINDO CONFORME AQUILO QUE FOI-LHE DADO A NASCENÇA OU PELA SOCIEDADE, DE ACORDO COM A SUA CONDIÇÃO, TANTO O SAUDÁVEL COMO O ENFERMO, RICO OU POBRE, INTELIGENTE OU NEM TANTO…

O AMOR QUE É O ÚNICO SUSTENTÁCULO NO CASAMENTO, O AMOR QUE É O ÚNICO PILAR DE UMA AMIZADE, O AMOR QUE É DADO GRATUITAMENTE AO ESTRANHO, SEM NADA PEDIR EM TROCA. TALVEZ ASSIM, A VIDA JÁ NÃO SEJA VAZIA, TALVEZ ASSIM, POSSA EU TER UM RUMO, TALVEZ DESTA FORMA HAJA UM PROPÓSITO, E NÃO TEREI MAIS DE PERGUNTAR:

POR QUE? POR QUE?

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

A perda do pai

A perda do pai: quem sabe vivenciá-la?
Como aceitar mortal e falível aquela pessoa grande, capaz de conseguir o universo, logo ele, o provedor, abridor de caminhos pelos quais começamos a passar medrosos? A perda do pai é a retirada da rede protetora no momento do salto.
E há que saltar.
É o roubo feito no exato momento em que estávamos a descobrir o melhor do mundo.

A perda do pai é a entrada no lugar-comum, é começar a ser igual a todos os que a sofrem, a ter os mesmos medos, as mesmas frases.
É voltar a se emocionar com o que se desprezava:
datas, pequenas lembranças, objetos, palavras e até com as manias dele que nos irritavam.
A perda do pai é o começo do balanço da própria vida, porque, enquanto vivia, era mais fácil nele descarregar alguns fracassos e culpas.
A perda do pai é o início da significação.
As palavras começam a fazer um estranho e novo sentido.
A perda do pai começa a nos ensinar o valor do tempo:
o que não fizemos, a visita deixada para depois, o gesto adiado, a advertência desdenhada, o convite abandonado sem resposta, o interesse desinteressado...
tudo isso volta, massacrante, cobrando-nos o egoísmo.

Nosso primeiro exame de consciência verdadeiro começa quando o pai morre. Nosso encontro com a morte inaugura-se com a dele.
Nossa primeira noite sem proteção consciente dá-se quando ele já não está.
E nunca somos mais sós que na primeira noite em que já não o temos.
O pai é o mistério enquanto vida e a revelação depois de morto.
Num segundo, entendemos tudo o que, durante a vida, nele nos parecia uma gruta de mistérios.
Seus objetos ganham vida, suas comidas preferidas passam a ter mais gosto, suas frases adquirem o sentido que só o tempo e a repetição outorgam às coisas.

A perda do pai dói muito!
Isso é tudo.
Para que querer saber por quê?
O pai é o eu no outro.
É dois em um, santíssima dualidade a proclamar o mistério e a glória de existir, dívida que com ele temos, sem nunca conseguir pagar, o que o faz, por isso mesmo, sempre, muito melhor do que nós...

(ARTUR DA TÁVOLA)